Primeiramente, eu como morador, trabalhador desta rica cidade, sempre me perguntava, mas por quê aqui em Santa Maria nunca tem nada para fazer? Não existe pontos turísticos aqui? Aí resolvi começar a olhar a mesma com outros olhos, e percebi que o errado sempre tinha sido eu. Comecei abrindo minha maneira de olhar as coisas, alias quantas vezes cruzando o centro da cidade, olhando para frente atordoado com a correira do dia a dia, ou até mesmo, andando e digitando uma mensagem no celular, passamos por inúmeras belezas que acabam despercebidas. Desde um prédio antigo que carrega em sua fachada as marcas do tempo e da história cultural do município, ou até mesmo um ipê roxo que encanta a todos que passam por debaixo em época de prima vera. Coisas tão simples, que só em mudar a forma como enxergamos a vida no nosso cotidiano, conseguimos encarar tudo com muito mais beleza.
Começo a partir de hoje, escrever sobre as belezas de Santa Maria, sejam elas edificações históricas, que não são poucas em nossa cidade, pontos turísticos, bairros, instituições e etc. Convido a vocês leitores a conhecer comigo essa cidade que admiro muito, e que infelizmente é mau gerida, mas basta um pouco de bons olhos para conseguirmos aproveitar seus encantos. Vem comigo!
VILA BELGA
Vamos começar por um dos principais pontos turísticos de Santa Maria.
A Vila Belga é uma unidade residencial localizada no bairro Centro, projetada pelo engenheiro belga Gustave Wauthier. A vila foi construída no período de 1901 a 1903 para
servir de moradia aos funcionários da companhia belga "Compagnie
Auxiliare des Chamins de Fer au Brésil",
que vieram para construir as ferrovias.
A companhia adquiriu
a concessão e finalizou a construção da Estrada de Ferro Porto Alegre - Uruguaiana, concebida como linha-tronco de um projeto de articulação do território
e das fronteiras do Estado do Rio Grande do Sul com a Argentina, Paraguai e Uruguai através de ferrovia, tendo, portanto, caráter fundamentalmente
estratégico, em especial após a Guerra do Paraguai (1864-1870), que passou a representar uma preocupação para
o governo imperial.
Um dos
entroncamentos mais importantes da linha estava situado no município, onde
foram instalados os escritórios da Auxiliare, assim como oficinas e
inúmeros galpões que empregavam um grande número de funcionários, partes dos
quais instalados na Vila Belga. Em 1872, pouco após o fim dos conflitos,
o engenheiro José Ewbank da Câmara apresentou ao governo
imperial o "Projeto Geral de uma Rede de Vias Férreas Comerciais e
Estratégicas para a província de São Pedro do Rio Grande do Sul", onde
propôs a construção de uma série de ferrovias com linhas-tronco em
sentido norte-sul e leste-oeste, que se entroncariam em pontos estratégicos.
Primeiramente, o
projeto tinha como base dois centros irradiadores: São
Gabriel e Alegrete, entretanto, durante a pormenorização do projeto,
os estudos teriam demonstrado uma considerável redução de custos se o trajeto
da ferrovia passasse por Santa Maria da Boca do monte, onde o
terreno era menos acidentado.
A Auxiliare para
abrigar seus funcionários graduados (mas não propriamente de primeiro escalão)
que trabalhavam diretamente na operação do pátio ferroviário, adquiriu uma
gleba urbana próxima à Estação de Santa Maria e iniciou, na primeira metade do
século XX, a construção de uma série de residências, conjunto que ficou
conhecido como "Vila Belga".
A Vila Belga é
considerada patrimônio histórico e cultural do município (lei
municipal nº2983/88, de 6 de janeiro de 1988).
Segundo o tombamento
municipal da Vila Belga, das oitenta residências originais, atualmente o
conjunto conta com apenas setenta e nove, pois uma foi completamente
descaracterizada. As demais mantém ainda suas configurações originais: térreas
e geminadas duas a duas (com exceção de uma), configurando quarenta edifícios
distribuídos em quatro ruas principais e cinco quadras.
A Vila Belga, apesar
de ter sido construída por uma empresa ferroviária não se configura como uma
tradicional "Vila Operária" (separado das cidades e
construído segundo princípios hierárquicos e de organização social), mas sim
como uma continuação de Santa Maria.
BRIQUE DA VILA BELGA
O Brique da Vila
Belga é um movimento cultural que busca através de diversas ações
reintegrar o centro histórico de Santa Maria à dinâmica urbana. Divulga
elementos culturais diferenciais, promovendo aquilo que pode ser qualificado
positivamente como singular do município.
Surgiu em 2015 por
iniciativa de moradores da Vila Belga que buscavam criar um espaço de
socialização e convívio para a cidade a partir do resgate histórico e da
revalorização patrimonial da Vila Belga.
Hoje pelo menos dois
domingos do mês (1º e 3º), gente de
todas as idades, tribos, estilos passam pelo brique da Vila Belga que
também se tornou um palco para músicos e atores se expressarem.
Fontes:







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